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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Chico pé-pé e Papai Noel

Este texto é uma mensagem de natal divertida e feita com muito carinho. Abraços.

Uma Lição de Natal

Era véspera de natal, Chico pé-pé sem tirar os olhos do relógio caminhava a passos largos pela estradinha de chão. Sorte sua possuir um coração de atleta, caso contrário teria "arriado as baterias" antes mesmo da primeira curva, visto a velocidade com que seguia para casa. Como sempre, estava atrasado para ceia da meia-noite e dessa vez não havia nada que pudesse livrar sua cara. No natal passado, Laurinda havia sido clemente com seu atraso, porém afirmou que se aquilo se repetisse, ela teria que lhe aplicar um castigo, ou seja, deixaria Chico pé-pé sem comer o delicioso peru de natal que tanto gostava.
Ao conferir os ponteiros, verificou que precisaria de mais quinze minutos para chegar a tempo, mas o "tic-tac" só lhe forneceria cinco. Chico pé-pé elevou seus olhos aos céus e pediu uma forcinha para o aniversariante.
- Querido Jesus, me ajude a chegar a tempo.
Sua fé foi tanta que milagrosamente apareceu no céu o contorno de um presépio, sem perder tempo Chico batizou de Constelação do Menino Jesus. E de lá, veio em sua direção um lindo trenó luminoso puxado por nove renas.
- Ho ho ho... - disse animado um velhinho de barba.
Chico pé-pé ficou encantado com a formosura do veículo, com certeza a crise global não atingiu a fábrica daquele senhor, pois o luxo empregado em cada peça era notável. As nove renas - Rodolfo, Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão e Relâmpago - eram as responsáveis por colocar aquela raridade em movimento.
- Desculpa vovô, não me leve a mal, mas foi para Jesus que eu pedi ajuda. Acho que o senhor o conhece, ele possui barba também.
- Bom filho, eu sou o Papai Noel. Vim a mando de Jesus, sabe, ele é o patrão. Vou te ajudar a chegar a tempo em casa, mas antes temos que fazer umas pequenas entregas.
Chico pé-pé sentiu que se aceitasse a carona, o atraso seria inevitável. Porém, quando olhou para o relógio, o ponteiro estava parado em um minuto para meia-noite. A única coisa que pensou foi "eu não devia ter comprado no camelô".
- Não, Chiquinho. - há muito tempo ninguém lhe chamava assim. - O tempo está parado mesmo, como se fosse mágica. Sua fé sincera, ou pelo menos esta sua vontade verdadeira de chegar a tempo na ceia, fez com que o Chefe, lá de cima, me enviasse aqui para te dar uma carona.
Chico pé-pé ficou boquiaberto, será que estava delirando? Depois de alguns instantes, percebeu que não.
- Olha vovô, eu não conheço o senhor. Porém se Jesus mandou você aqui, é porque o senhor deve ser bom motorista, e dos rápidos.
- Muito bem, Chiquinho. Então, Suba a bordo. - Chico não sabia como um senhor de idade tão avançada conseguia ter tanta disposição.
Chico pé-pé subiu no trenó e em fração de segundos saíram cortando os céus na velocidade da luz. Aquilo era demais, nada no mundo era mais potente que aquelas renas, nem mesmo um fórmula 1.
- Aquela é a nossa primeira parada. - apontou o velhinho para uma casinha de palha.
 Na velocidade que estavam, Chico calculou que o trenó espatifaria o telhado em mil pedaços. Só que para sua surpresa, o Papai Noel puxou uma alavanca e instantaneamente o veículo parou. Nem ao menos cantou pneu, o mais interessante foi constatar que o nariz da rena-guia estava aceso na cor vermelha.
- É a luz de freio. - esclareceu o bom velhinho.
Nesta casa, o Papai Noel não deixou brinquedos, mas deixou um gostoso peru assado. As crianças ficaram felizes por terem o que comer, a cena tocou o coração de Chico, que lembrou nunca faltar o pão de cada dia em seu lar.
- Bom Chiquinho, tem coisas mais valiosas em nossa vida. - lição número 1.
A rena-guia apagou o nariz e eles saíram em disparada para o próximo endereço. Agora, esta outra residência já possuía uma aparência mais chique e o telhado era mais reforçado. Chico pé-pé ficou com muito medo na hora da aterrissagem, quando o trenó entrou em contato com o telhado, dessa vez não parou, deu uma pequena patinada e todos acharam que seria o fim. Mas tudo terminou bem novamente, eles pararam antes de acabar a pista de pouso.
- Esta foi quase, ho ho ho... - o vovô continuava a se divertir.
Chico pé-pé percebeu que eles só conseguiram pousar, graças às renas possuírem tração nas quatro patas. Nesta segunda casa, o bom velhinho apenas concertou o som da árvore de natal, um ato simples que alegrou o ambiente e despertou o sentimento de paz entre os presentes.
- Bom Chiquinho, tem coisas mais valiosas em nossa vida. - lição número 2.
Depois destas pequenas entregas, o Papai Noel deixou Chico em frente do seu lar doce lar.
- Bom Chiquinho, como eu prometi, trouxe você a tempo e o melhor é que ainda estamos um minuto adiantado. - piscou o velhinho de forma marota.
- Papai Noel, obrigado por tudo. Ah, agradece o Chefe por mim.
Papai Noel já se preparava para partir com as renas quando se lembrou.
- Chiquinho, eu tava esquecendo. Seu presente de natal.
- Mas eu pensei que a carona tivesse sido meu presente.
- Bom, tem outra coisa. Quando você entrar, você verá.
As renas saíram turbinadas em direção a Constelação do Menino Jesus.
- Chiquinho, tem coisas mais valiosas em nossa vida. Ho ho ho... - reforçou o bom velhinho aquela lição maravilhosa.
Com pressa, Chico pé-pé entrou em sua casa para saborear o delicioso peru recheado de Laurinda. Quando adentrou o recinto, viu sua família sentadinha no sofá conversando, mas nem sombra do peru.
- Oi meu amor, você chegou a tempo. Meus parabéns. - disse Laurinda.
- O que aconteceu? - Chico estava um pouco decepcionado pela mesa estar vazia.
- Foi uma pena, Chico. Eu nunca deixei isso acontecer, mas o peru queimou e estamos sem ceia hoje. Por milagre, apareceu agora a pouco um bolo de fubá em cima da mesa e estamos esperando você para comê-lo.
Chico ficou triste ao lembrar do peru tão gostoso que sempre comia nas noites de natal. Logo em seguida pensou melhor, e ao se lembrar das casas que havia visitado com o Papai Noel, percebeu que tudo o que ele podia querer estava ali, uma linda família - esposa e dois filhos - e ainda um delicioso bolo de fubá do bom velhinho.
- Você está triste? Não fiz por querer. - falou Laurinda preocupada.
- Não estou não, meu amor. Eu tenho vocês, o que mais posso querer?
Lá das estrelas, Jesus e Papai Noel sorriam felizes com mais um natal bem sucedido.

Autor: Eriol

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